Isto e Aquilo

Com este espaço pretendo destacar ,algo que li e gostei: Contos, Leituras, Extractos de livros, Acontecimentos, Actualidades, Comentários, Criticas, Curiosidades, Ideias, Receitas, sobre Isto e Aquilo, ao sabor da corrente...
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Especialmente para ti...Beijinhos e obrigada.


«A tarde cai, por demais Erma, úmida e silente... A chuva, em gotas glaciais, Chora monotonamente.
E enquanto anoitece, vou Lendo, sossegado e só, As cartas que meu avô Escrevia a minha avó.
Enternecido sorrio Do fervor desses carinhos: É que os conheci velhinhos, Quando o fogo era já frio.
Cartas de antes do noivado... Cartas de amor que começa, Inquieto, maravilhado, E sem saber o que peça.
Temendo a cada momento Ofendê-la, desgostá-la, Quer ler em seu pensamento E balbucia, não fala...
A mão pálida tremia Contando o seu grande bem.
Mas, como o dele, batia Dela o coração também.
A paixão, medrosa dantes, Cresceu, dominou-o todo.
E as confissões hesitantes Mudaram logo de modo.
Depois o espinho do ciúme... A dor... a visão da morte... Mas, calmado o vento, o lume Brilhou, mais puro e mais forte.
E eu bendigo, envergonhado, Esse amor, avô do meu... Do meu, — fruto sem cuidado Que ainda verde apodreceu.
O meu semblante está enxuto.
Mas a alma, em gotas mansas, Chora abismada no luto Das minhas desesperanças...
E a noite vem, por demais Erma, úmida e silente... A chuva em pingos glaciais, Cai melancolicamente.
E enquanto anoitece, vou Lendo, sossegado e só, As cartas que meu avô Escrevia a minha avó.


» © MANUEL BANDEIRA, In A cinza das horas, 1917



Vendedor de Sonhos

" Um homem desconhecido tenta salvar da morte um suicida. Ninguém sabe sua origem, seu nome, sua história. Proclama aos quatro ventos que as sociedades modernas se converteram num Hospício Global. Com uma eloquência cativante, começa a chamar seguidores para vender sonhos. Ao mesmo tempo em que arrebata as pessoas e as liberta do cárcere da rotina, arruma muitos inimigos. Será ele um sábio ou um louco? Este é uma romance que nos fará rir, chorar e pensar muito."


Augusto Cury


INATINGÍVEL

Ao alvorecer, no cimo daquele monte, o sol rompia. Mesmo por cima dos pinheiros. Cá em baixo, parecia-me ao alcance da mão. Se eu lá estivesse...
Ainda pensei em subir o monte para lhe tocar, para sentir o seu calor a aquecer-me a ponta dos dedos, mas percebi que não ia ter tempo porque quando atingisse o cume já a estrela solar iria alta.
Decidi que, na madrugada seguinte, estaria no alto daquele monte, oculto entre os pinheiros, esperando que ela aparecesse. Então sim, poderia tocá-la e sentir a carícia dos seus raios na minha pele, no meu corpo todo...
Levantei-me cedo, ainda de noite, subi o monte e esperei pela alvorada, no exacto local em que a tinha visto aparecer na manhã anterior. Arrepiei-me, ansioso, com a claridade da manhã que anunciava a sua vinda, imaginando e deleitando-me com a antecipação do nosso contacto.
Minutos volvidos vejo romper a fascinante bola dourada. Mas, nesse dia, apareceu na cumeeira do outro monte à minha frente.
Fixei o local e, na madrugada seguinte, lá estava eu, no cimo do outro monte, esperando aquela estrela, cuja luz e calor me fascinavam...
Repeti estas minhas alvoradas vezes em conta, procurando o calor da minha vida cada vez mais longe, cada vez mais inacessível.
Convenço-me que há sonhos inatingíveis...

Rui Felício
FEV_2010

QUANDO ME COMECEI A APAIXONAR

"quando nos apaixonamos, ou estamos prestes a apaixonar-nos, qualquer coisinha que essa pessoa faz – se nos toca na mão ou diz que foi bom ver-nos, sem nós sabermos sequer se é verdade ou se quer dizer alguma coisa — ela levanta-nos pela alma e põe-nos a cabeça a voar, tonta de tão feliz e feliz de tão tonta. E, logo no momento seguinte, larga-nos a mão, vira a cara e espezinha-nos o coração, matando a vida e o mundo e o mundo e a vida que tínhamos imaginado para os dois. Lembro-me, quando comecei a apaixonar-me pela Maria João, da exaltação e do desespero que traziam essas importantíssimas banalidades. Lembro-me porque ainda agora as senti. Não faz sentido dizer que estou apaixonado por ela há quinze anos. Ou ontem. Ainda estou a apaixonar-me. 
Gosto mais de estar com ela a fazer as coisas mais chatas do mundo do que estar sozinho ou com qualquer outra pessoa a fazer as coisas mais divertidas. As coisas continuam a ser chatas mas é estar com ela que é divertido. Não importa onde se está ou o que se está a fazer. O que importa é estar com ela. O amor nunca fica resolvido nem se alcança. Cada pormenor é dramático. De cada um tudo depende. Não é qualquer gesto que pode ser romântico ou trágico. Todos os gestos são. Sempre. É esse o medo. É essa a novidade. É assim o amor. Nunca podemos contar com ele. É por isso que nos apaixonamos por quem nos apaixonamos. Porque é uma grande, bendita distracção vivermos assim. Com tanta sorte."

Miguel Esteves  Cardoso


Menores japoneses têm câncer de tiróideo após acidente nuclear

Pelo menos 57 menores residentes na região da Central Nuclear de Fukushima, no Japão, desenvolveram câncer de tiróideo desde que, em Março de 2011, um terremoto, seguido de tsunami, desencadeou o pior desastre nuclear do país, mostram os últimos dados divulgados pelas autoridades de saúde.

O número, que consta no relatório do Comité de Investigação Sanitária da prefeitura de Fukushima, revela o aumento de sete casos em relação aos dados apresentados em maio passado.

Os dados referem-se às análises feitas até 30 de Junho e mostram que foram detectados 103 casos duvidosos desse tipo de câncer entre as 300 mil pessoas submetidas a análises na região e que eram menores na época do acidente nuclear.

A comissão de peritos considerou que até agora “é difícil” determinar uma consequência directa entre os casos de câncer e as radiações da central após o acidente.

Os jovens diagnosticados com câncer tinham, na época do acidente, média de idade de 14,8 anos. Os números mostram ainda que 30 em cada 100 mil pessoas desenvolveram o câncer de tiróideo na região.

Em outras áreas do Japão, a incidência desse tipo de câncer é de 1,7 pessoa, número muito mais baixo.

Estudo recente da Organização das Nações Unidas reconhece a possibilidade de aumento do risco de câncer de tiróideo entre as crianças mais expostas à radiação após o acidente de Fukushima, mas aponta como improvável uma grande alteração nas taxas gerais de câncer no país
 Fonte...R7


[....Angustia-me , preocupa-me...o mundo de hoje em que vivemos. Possível  confiar na comissão de peritos? Será que todos esses jovens têm oportunidades, idênticas, de tratamento?...]


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