quinta-feira, 25 de abril de 2013

OS ESPELHOS E A IMAGEM.


O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença."
(Luís Fernando Veríssimo)

Olho  a imagem na água...Não a reconheço...Os anos passarem, vejo em mim outra pessoa. Penso e acredito na beleza interior, mas na realidade a imagem que observamos, é condicionada pelo exterior… Adoro as cores...o  azul,  o verde, o laranja, o arco-íris da vida...Adoro o que me faz sorrir...os sorrisos simples dos outros, a risada da crianças, as lembranças. Adoro os elogios, pequeninos que sejam, sem qualquer intuito...mesmo que ,nada signifiquem para quem os diz. Quero gostar de mim e da imagem que vejo no espelho...Visto-a de cores, e sorrio...Imagino os olhares, imagino , imagino...e gosto ..Gosto de gostar, gosto de fantasiar, gosto de sonhar, gosto de espelhar...Digo- lhe :És lindo meu espelho. E ele, retribui-me, és linda…A vida é feita de espelhos, de imitações,..Dos pais, irmãos, amigos, amores, de pessoas comuns, mas que pelos seus exemplos de vida, nos marcam...De pessoas celebres, escritores, poetas, cientistas,que de alguma forma nos influenciam…Leio aquele poema, sinto-me próxima dele, foi escrito para mim. Ouço aquela canção...vivo-a…Para ti, espelho meu, tento dar te sorrisos, carinhos, felicidade, a magia do bem querer, e receber de volta o reflexo...Quero paz, quero liberdade,quero ser eu.

Leia...se interessar.

sábado, 20 de abril de 2013

As Palavras




A Palavra Mágica

Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.


Carlos Drummond de Andrade, in 'Discurso da Primavera'


O que escrevemos significa o que pensamos?!...

A verdade da verdade, a mentira da mentira, ou a verdade da mentira ?!..

Dou comigo a pensar no valor da palavra...falada ou escrita...

As palavras que digo, as que não digo e queria dizer, as que sinto, as que penso e acredito...

Acredito em mim, no que penso como verdade, acredito em  miragens, como olhando o deserto sem fim....mas este existe...O Fim.

Pergunto  ás vezes, a elas:

Até onde gosto de ti?...Respondem-me;  [ já sabem a resposta ]  até  ao infinito avó ...

Onde é o infinito?...

Nunca acaba, não tem fim....

Costumo dizer ....Gosto de ti , até ao infinito, até aí.

O infinito, fica para além do fim, sem fim...

Sinto isto...

O INFINITO, algo inatengível para mim, é como o oceano, é o céu, o mar, as estrelas, o horizonte, o pôr do sol, a vida, ..

Quero dar isto que sinto, fazer feliz,

Fazer feliz, faz-me feliz, não importa o resto, ....

Gosto delas, tanto tanto, não sei explicar...

Devia ter brincado ,como ela queria , ..á cabra cega,...

Foi o tempo, esse estúpido tempo, não deixou...

Agora, sinto-me triste, porque queria ter brincado com ela...Desculpa, querida...

Vamos brincar,na próxima , prometo.

Divaguei da realidade, para a fantasia...

Da vida real, para a ilusão...

Olho, e vejo o INFINITO,  está  lá, existe, .. nunca acaba,...

Beijinhos.

Fim do Caminho



"... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Miguel Sousa Tavares



Não foi,  mais uma,  entre muitos, Não.Fez a diferença, por tudo que planeou para a sua ultima viagem...

Na idade média da vida, cerca de 40 anos, era uma mulher bonita...Alta, olhos azuis, riso contagiante...

Tudo se desenrolou rapidamente, ...

Vestido vermelho, bâton vermelho, sombra verde nos olhos...

A mãe sofredora , recusava,...

......filha , não sou capaz, como queres que te vista um vestido vermelho?!..

Promete mãe, é  meu ultimo pedido...


Eu,  e todos nós, num silêncio cúmplice, contínhamos as lágrimas que por vezes não conseguirmos reter...

Mãe e filha...


Foi como ela quis, comigo permanece a lembrança que ainda doí...

Em palco




A vida é um palco…

“A vida é um palco e todos os homens e mulheres meros atores.
Entram e saem de cena, e cada um representa muitos papéis no seu tempo…”

William Shakespeare 




Sem dúvida, todos nós somos atores ,que representamos um papel, em cada palco. Um papel ensaiado, que se encaixa em cada peça.

Em determinados momentos sentimo-nos insatisfeitos, queremos uma mudança. Uma nova personagem, numa nova peça.
Fazer algo diferente, é ser criticada pelas pessoas próximas...

Viver estilos de vida, certinhos, agradáveis, sem sair do comum..

Hoje, e agora, eu sou a rebelde... E sonho.

Vou no alfa, numa enorme velocidade.vou , vou, vou...até lá.

E observo, pouco mais quero, apenas ver...

O mar tranquilo, as casas, as quintas, os sonhos, e a ti miragem.

Consigo cuidar, dar a calma e tranquilidade que mereces, sinto me feliz.


Esqueço as palavras que me ofendem, as respostas que não dei, a vida que não vivi.


Em Viagem Comigo, não sei quem sou., perco-me.

Eles, fazem parte de mim, não os esqueço, quero esquecer- me de mim, neste palco....

E o sonho continua, apenas sonho , nada mais...

Até já.

Pedras na Calçada


PEDRAS NO CAMINHO?
GUARDO TODAS, UM DIA VOU CONSTRUIR UM CASTELO...
Fernando Pessoa





Percorri aquela entrada vezes sem conta. Quase que sei de cor como estão dispostas as pedras da calçada. Umas certinhas ,outras irregulares..

Como é lindo o meu Hospital. Meu?

Sim, porque foi ali que eu trabalhei, durante muitos e muitos anos.

Foi, quando abriu, uma referência.

Tínhamos, como filosofia, a humanização dos cuidados.

Foram raras, as excepções; Era realmente, pelo que vi, um Hospital em muitos aspectos exemplares.

Gostava de trabalhar e empenhava me ,para que os cuidados aos utentes fossem eficientes.

De dia ou de noite, sentia alegria de ir e cuidar deles...Os utentes.

Sentia algo, difícil de descrever...Em cada um deles, procurava dar lhes, o conforto, o carinho, numa relação, de tal forma empática, que na maioria das vezes, quando regressava a casa, não os esquecia.

Não descuidando a competência técnica, dava muita atenção á parte relacional.

As noites, eram particularmente diferentes…
O Hospital, tem uma vida própria.

No silêncio da noite, a dor fica mais forte, os receios, o medo, a insónia a saudade, estão mais visíveis.

A partida, para a outra margem, mais frequente.

O amanhecer do dia , traz uma acalmia, uma paz, um despertar de nova esperança....A vida renova-se.

Ainda hoje lembro alguns deles, nunca os esquecerei...A Isilda que vivia com o periquito..."tanta preocupação, ficou só .

,O Fernando, tão novo ainda, e que luta travamos...Com ele partilhei tristeza ..sofri.

Muitos outros, alguns esqueci o nome..

Estava mal, muito mal, era alguém muito especial ...Meu Pai.

Após tanta luta, o fim aproximava se. Vesti a bata e fui para junto dele.

A noite era diferente, sentia-me ausente, queria fazer mais, o impossível para prolongar a vida...

Não aceitava o desfecho...

Sentei me ao lado dele, olhei -o e chorava, silenciosamente sem me controlar.

As lágrimas caem-me sem cessar.

Foi durante a doença dele, que mais consciência tomei de quanto o amava.

Era dócil, meigo, alegre, bom pai.

A respiração era ofegante, espaçada; A oxigenoterapia pouco resultava.

O semblante dele estava calmo…Os olhos fechados, sabia que estava ali junto a ele...

Estava a ir ,para a outra margem, estava ao lado dele...

Foi então que nos olhamos,...sorriu, abanou a cabeça ,e morreu.