Olhava…
através da pequena janela, aquele mar imenso que adorava…
As
cores, aquelas cores que sempre viveram comigo, estavam ali.
Perdida
em pensamentos, divagava, entre o antes e o agora.
Aproximava-me das montanhas.
Elas e
eu reencontrávamo-nos a cada instante. Quase conseguia visualizar aqueles
grandes penedos, como de pequenas casas acolhedoras se tratassem, faziam parte
de mim…
Virei-me
e olhei-a. Pareceu-me mais calma, confiante, sorriu-me.
Amigas
de longa data, como a compreendia. A trepidação do avião não nos incomodava.
Essas
férias tão desejadas seriam, um pouco, a concretização dos sonhos. Finalmente,
realidade.
[…Tudo
bem? Sim e tu?...]
A
solidão da sua existência incomodava-me. Embora sempre presente, não era
suficiente para preencher todas as lacunas da sua vida.
A nossa
amizade era antiga, verdadeira, solidária.
Era a
sua confidente.
[…Queres
um café? Sim, vem aqui, senta-te ao meu lado…]
A
felicidade é mais que a soma de momentos felizes. Choro, com a tristeza de alguém,
com a dor, solidão, doença, ausência, a alegria.
Solidária, por estranho que
pareça, sinto-me feliz…
[…Senti,
era o início de algo…]
As
palavras não ditas, esperadas, imaginadas, não concretizadas, aproximam-me numa
empatia sem fim, que me faz feliz.
[…Sou
feliz se, em meu redor, proporcionar felicidade…]
Mudar é
difícil, quando o caminho a percorrer tem trilhos acidentados e abismos
incalculáveis.
Cheia
de memórias dolorosas, ela queria, desejava, essa mudança. Mas mais que tudo
isso, dar-se a oportunidade de viver de uma outra forma. Como tornar possível o
impossível?
[…Espero-te,
ajuda-me a encontrar o caminho…]
Lembrei
aquele livro, que tanto influenciou a minha forma de estar…
[…Vendedor
de Sonhos, Augusto Cury…]
Porque
não lutar pela concretização dos sonhos? Os outros, sempre os outros!!!
Quase a aterrar expectantes,entendia perfeitamente a sua ansiedade.
Esperava
aquele momento, há tanto, tanto tempo. Finalmente o encontro.
[…Deixa-me
entrar na tua vida, quero fazer parte de ti…]
As
lágrimas surgiam na sua face. A emoção intensa estava espelhada no seu rosto.
Encorajei-a,
vai…
Deixei-me
ficar, com aquele nó de nostalgia, de quem vive ao lado, mas tão pertinho da
realidade.
Era
ela, eu estava feliz.
Olhei-os,
abraçados, de tão felizes que estavam, esqueceram-me.
O
Sol brilhava, a luz intensa… Sentia uma multiplicidade de cores, como aquelas
que gostava de ver nas minhas árvores do outono…
[…Estou
aqui…]
Sem comentários:
Enviar um comentário