sábado, 14 de setembro de 2013

EXISTES.






Existes

Por alguma razão, não sei qual, hoje, como tantas vezes, lembrei-me de ti… e chorei…
Porque te foste? Podias ter lutado,… pedido ajuda.
Quem sou eu para te recriminar?
Ninguém, nada, nada mesmo.
Quem pode dizer: desta água não beberei?
Oh, amiga, tal era o teu sofrimento… Não condeno, apenas lamento, lamento, por tudo o que eras, por tudo o que deixaste… Hoje, estou assim, choro por ti.
Revolto-me contra esse tipo de pessoas, violentas, que agridem física e verbalmente.
Revolto-me comigo e com tantos outros que, comodamente instalados, nada fazem.
Hoje o meu sentir é este. A minha sensibilidade à flor da pele manifesta-se, com lágrimas, tristezas e uma imensa Saudade.

Lembro-me de, anos e anos a fio, chegares, sorridente, simpática, afectuosa, prestável, sonhadora.
Integrei-te no serviço, nesse que foi o teu primeiro emprego, com uma enorme vontade de aprender.
Idade jovem, linda, com aquela áurea especial que só algumas pessoas irradiam…
Vi-te crescer, profissionalmente e como mulher.
A amizade sincera facilmente aconteceu. Como era bom sentir a tua presença, nesse dia-a-dia tão problemático, do Hospital.
Trocávamos livros, falávamos sobre os nossos problemas pessoais.
Recordo bem a tua ansiedade pelas sextas-feiras.
Aos fins-de-semana, encontravas-te com o teu namorado.
Que ansiedade… Como amavas…sei, porque me confidenciavas.
Um amor distante, palpitando desesperadamente pelos reencontros.
Felizes para sempre, depois de casados, seria o esperado.
Como com tantos outros, os problemas surgiram…
Mas amiga,… deixar tudo?!
Partires!
Estou triste.
Hoje choro por ti… pelo sofrimento que viveste, pelas agressões que sofreste, pelo apoio que não tiveste…
Seguimos vidas profissionais diferentes…
Que importa não te ter esquecido, se também não te ajudei!
Um dia destes, vou tentar saber dos teus filhos.
Como eles devem sofrer com a ausência da mãe. E a mãe que tu eras….
Se um dia o encontrar, vou olhá-lo, com o meu mais profundo rancor.
Não adianta, mas revolta… Foste vítima dele, como tantas mulheres, sofrendo silenciosamente.
Estou triste por ti,… mas, olha, continuas a Existir… Sou tua amiga.
Lembro-me de ti, como um girassol resplandecente.
Já vivi de perto essa preocupação com outras pessoas, é horrível, aterrorizante.
Pode cada um fazer o que quer com a sua própria vida?
Fazer opções entre viver desta ou daquela forma…

Olho em meu redor… As aparências externas, cheias de artifícios, não revelam quantos dilemas, conflitos interiores existem.
Vivemos num mundo superficial, iludidos com o supérfluo.
Sou um ser pensante…
Amiguinha, se me sentes, desculpa por não te ter ajudado…
Lembrar-me-ei de ti sempre e, em dias como hoje, vou chorar por ti…
Beijinhos.















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